quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Competências – A Lei Crua do Amor

Por Diogo Camilo,


amor-interesseiroEste é um mundo de retribuição, em que ninguém ama quem não tem nada a oferecer. Quem são os nossos favoritos? Os notáveis, os talentosos, os destacados, os fluentes, os afluentes, os bonitos, os ricos, os famosos, os sábios, os espirituais, os afinados, os inteligentes, os que lembram nosso nome. Quanto mais admiráveis nos parecerem as qualidades de alguém, mais naturalmente – mais inevitavelmente – essa pessoa parecerá merecedora de nosso amor.


Nossa tendência mais natural é amar as pessoas pelo que são capazes de fazer, seja essa capacidade efetiva ou potencial. Nisso consiste em que gosto de chamar de Lei Crua do Amor: não amamos as pessoas amamos suas competências. Parece forte e agressivo isso, mais é a nossa mais dura realidade, faz parte de nossa natureza.

Sei muito bem aqueles que me sinto tentado a amar: os virtuosos, os compassivos, os galantes, os articulados, os destemidos, os bonitos, os criativos, os que sabem dançar, os que sabem bem cantar, os que são mais espirituais. São essas competências que estão no topo da minha lista. Mais cada pessoa estabelece seu próprio critério de seleção. O que temos todos em comum é a tendência de amar aqueles que demonstram ter competências que admiramos.

A Lei Crua do amor determina ainda determina como estimamos o próprio papel num relacionamento – Nosso valor. É por isso que tememos tanto a doença e a velhice, porque sabemos que está a porta batendo, esperando o momento de arrancar de nós as competências que nos são mais caras, aquelas em torno das quais construímos nossa identidade. Os primeiros sinais bastarão para nos colocar em parafuso: a primeira falha de memória, a primeira gordurinha localizada, o primeiro cabelo a cair,a primeira desafinada.

Por que tememos dessa forma a perda das competências? Acontece que que sabemos muito bem que as competências dos outros determinam em grande parte nossa afeição por eles. Intuímos, pela natureza desses próprios critérios, que a perda de uma competência fará que nos tornemos menos atraentes e menos dignos de amor nos olhos dos outros.

Aqueles que não têm nenhuma competência a oferecer – os feios, os desajeitados, os que não sabem cantar, os que não sabem falar, os que não sabem escrever, os que não sabem agradar – intuem, por sua vez, que nunca serão amados de forma unânime e intensa como os notáveis. Não têm competências em grau ou quantidade suficientes para merecer nosso amor, e sabem disso.

Jesus viveu, naturalmente, para denunciar a Lei Crua do Amor. Ele convidava de forma singela, a que adotássemos um novo e notável critério, que é, incrivelmente, a ausência de qualquer critério.

A mensagem de Jesus deixa claro, em primeiro lugar, que na perspectiva de Deus, na perspectiva do Universo, as competências que tanto celebramos e admiramos equivalem a precisamente NADA. Talvez menos. Se Deus fosse premiar a competência, não premiaria ninguém. É por isso, por não julgar as pessoas pelas competências que têm para oferecer, que Deus faz chover sobre justos e injustos. É com base no rigoroso critério do critério algum que Ele derrama do seu sol sobre heróis e marginais.

Jesus opina que na perspectiva divina a única competência que fato conta é a competência moral, a capacidade de não fazermos o mal aos outros e a habilidade correspondente de fazermos o bem a eles. Todo resto é assessório e deve ser descartado do nosso caderninho de admirações. Na verdade, explica Jesus, a mais contundente demonstração de competência moral está precisamente na nossa disposição em amar os outros, e assim o circulo se fecha.

O filho do homem desafia-nos a ser nisso singulares, como Deus é, disparando amor arbitrariamente, como metralhadoras, abandonando definitivamente os critérios usuais de competência. Essa regra divina é o que eu também gosto de chamar de: a Lei Distributiva do amor, que pode ser expressa desta forma: ninguém merece, por isso todos podem ter.

Quem será capaz de se sentir atraído pelos que não têm coisa alguma para oferecer? Será capaz de aceitar os desprovidos de competências? Talvez aquele que desperte para a consciência de que tem o que não merece; esse ousará, quem sabe, distribuir. Esse estará alterando a regra do mundo.



Em amor amados,



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Um forte abraço, que o Senhor te abençoe

Fiquemos com Ele..

Diogo Camilo